capítulo quatro: práticas de corporalidade



O simbolismo do corpo na cultura indígena
A escolha do corpo e das representações a ele associadas não é aleatória. O corpo é mais que um instrumento de produção da vida diária indígena, é material simbólico pelo qual se produzem idéias, valores éticos e estéticos.
O corpo é produzido, fabricado, constituído pela sociedade. É cortado, adornado, nomeado, perfurado, pintado, tornando-se mais do que corpo. Ganha, assim, uma imaterialidade, traduzida naquilo que se liga a ele, nas suas produções no mundo, naquilo que o anima, a alma.
O corpo nasce, o corpo vive e o corpo morre... e nasce...
Este é o caminho que o olhar sobre o corpo conduz: do nascimento à morte, da vida material à vida imaterial. O parto, a infância com suas brincadeiras e a nomeação constituem fases importantes na modelação corporal. A adolescência e os rituais de preparação do corpo para a sociedade definem mais uma etapa em sua produção. O corpo maduro é retratado pelo casamento, pintura corporal para fins rituais, uso de adornos plumários, máscaras, armas de caça e guerra. O corpo é matéria-prima, suporte das pinturas, das máscaras e dos adornos, podendo ele próprio ser transformado em troféu de guerra: cabeça reduzida, ícone da modelação corporal e transformação cultural que sofre o corpo.
Se a doença e a morte encerram o ciclo vital da corporalidade, apontam, também, para direções que transcendem a materialidade corporal. As viagens do xamã para curar o corpo doente descortinam outros mundos, outros céus: dos espíritos, do depois da morte. Morrer é se transformar em onça imortal, é não morrer, é reviver através de outra forma de materialidade corporal.


Fonte: folder da exposição Corpo e Alma Indígena

escreva algumas linhas sobre a importância do corpo nas práticas culturais e descreva algumas dessas práticas que envolvem o corpo;





uma cultura da corporalidade
a linguagem dos corpos nas práticas culturais indígenas tem sido um dos temas mais estudados pelos antropólogos da educação no brasil;
na cultura indígena, o corpo é uma dimensão muito significativa;
chama-se corporalidade o regime de conhecimentos indígenas ligados ao corpo;
ele tem sido uma peça chave para compreender o que se pode chamar de sistema de aprendizagem indígena ou educação tradicional;

em nosso debate sobre o ensino de 'artes' edna alves, educadora yawanawa, diz que desde o início, suas atividades de 'artes' estiveram associadas à 'disciplina' de 'educação física';
'era como se nós realizássemos um mini-festival', refere-se a educadora ao festival anual dos yawanawa;
com essas referências, edna associa prontamente as práticas culturais dos povos indígena àquilo que foi definido como corporalidade, o linguagem social do corpo nas culturas indígenas;
o corpo humano pode ser visto como lugar de confrontação entre humanidade e animalidade, mas não porque carregue uma natureza animal que deve velada e controlada pela cultura; ele é o instrumento fundamental de expressão do sujeito e ao mesmo tempo o objeto por excelência, aquilo que se dá a ver a outrem; por isso, a objetivação social máxima dos corpos, sua máxima particularização expressa na decoração e exibição ritual, é ao mesmo tempo sua máxima animalização, quando eles são recobertos por plumas, cores, grafismos, máscaras e outras próteses animais;
fonte: viveiros de castro, eduardo; a inconstância da alma selvagem


atividades
o texto acima fala da importância dos animais na decoração do corpo para as cerimônias e festas tradicionais dos povos indígenas;
elabore um estudo do simbolismo que envolve a decoração corporal;
destaque a importância do simbolismo animal nessas pinturas, roupas, máscaras, cocares, tatuagens etc;




pesquisa
adornos corporais e artefatos cerimoniais
possibilidades de roteiro: quais são os mais importantes adornos cerimoniais (cocares, vestimentas, pinturas corporais), quais aqueles usados na comunidade, como são produzidos os adornos, como são construídos os artefatos, existem histórias sobre os adornos, e histórias sobre os artefatos;